Quando eu tinha uns 11 anos mais ou menos (5ª série) estava voltando do Clube Náutico do ensaio do ''Coral de 5000 vozes'' de ônibus circular fretado com a turma da escola, e tinha um garoto da 6ª série na época com os olhos azuis e os cabelos aloirados e mais pra liso do que pra ondulado ao meu lado, em pé, segurando naquelas barras de ferro... e ele estava fazendo gracinhas, empurrando o pessoal e me empurrou. Claro, que na hora reclamei algo do tipo: ''Para de me empurrar!'' e sabe o que ele falou? ''- Ah, fica quieta SUA CABELO DE BOMBRIL''. Na hora fiquei sem reação, sem resposta e fui pra casa chateadíssima com o MEU CABELO. Entende, a complexidade da questão???... o racismo dele me fez sentir que eu é que era diferente, que eu é que de certa forma estava ''errada''.
Ah... e ontem o Murilo falou assim pra mim: ''- Mãe, arruma o meu cabelo igual do Gabriel''. Eu: ''- Que Gabriel?''. Ele: ''- O Gabriel da minha escola''. Eu: ''- Mas pra quê você quer ficar com o cabelo igual do Gabriel?''. Ele: ''- É porque é mais bonito''. Eu: ''Quem disse isso pra você?''. Ele: ''- Ele que falou". Eu: ''- Filho, seu cabelo é lindo assim como o dele é também, tá bom?''. Ele: ''- Então, meu cabelo também é bonito mãe?'' Eu: ''- Claro que é!''.... diante disso, percebo o quanto estamos longe de quebrar esses estigmas raciais, esses paradoxos sociais. Ahhh... esse Gabriel é mestiço de japonês, imagina como é o cabelo? rsss
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